terça-feira, 18 de março de 2008

Quanto custa emendar um erro??

Em Coimbra e num emocionante encontro, os juristas setubalenses foram empatar a uma bola, num dia cinzento, onde a chuva fez e de que maneira notar a sua indesejada presença num desafio que fica marcado pela infelicidade dos sadinos que mereciam outro tipo de resultado.
Mas, já lá diz o ditado, “os erros pagam-se caros” e nesta jornada nunca esse ditado assentou tão bem aos homens de Setúbal.
De facto, num jogo em que Setúbal foi sempre superior, Coimbra depois de resistir às investidas dos homens que equipam de branco, acabou num rasgo de rara felicidade, inaugurar o placard a escasso minuto do intervalo, num livre onde um desentendimento na colocação da barreira entre os homens que a compuseram, Rui Belchior e Luís Ribeiro e o Keeper Albuquerque, e que foi sagazmente aproveitado pelo experiente jogador coimbrão, que não perdoou tamanha infantilidade.
Na segunda metade, Coimbra que decididamente estudou a lição, e galvanizados pela vantagem, remeteram-se à defensiva, e nunca olharam a meios para pararem os sadinos, ainda que de formas, diria….pouco católicas, a verdade é que Setúbal, neste momento já é um alvo a abater, como um bom pistoleiro no velho Oeste que todos querem matar, neste caso, será mais, a que todos querem ganhar…todavia, e uma vez mais não conseguiram, aliás registe-se que Coimbra nunca conseguiu vencer Setúbal.

Na análise individual e depois do visionamento do respectivo vídeo diz-se o seguinte;

José Albuquerque - Tarde frustrante, Infeliz no lance do golo adversário, teve a dignidade de assumir um erro que não foi só seu, mas os seus créditos continuam a ser muito superiores a este débito, no restante do jogo manteve a concentração e foi importante da forma como respondeu a sair dos postes nos contra-ataques lançados pelos de Coimbra e registo ainda para uma grande estirada, curiosamente na sequência de um livre directo como que a emendar a mão…

Sertório - Igual a si próprio, tacticamente sempre muito bem, na parte final do encontro foi importante no assalto final, com boas triangulações, acabou por ser dele o cruzamento que daria origem ao golo do empate.

Filipe Calha - Primeiros 90 m desta época, ele que tem tido diversos problemas físicos, com uma exibição, confiante e personalizada, nunca deu veleidades aos contrários, na fase do desespero, foi para frente, não marcou desta vez, mas ajudou e desequilibrou a defesa adversária.

Benjamim - Muito criticado ultimamente, deu uma boa resposta, concentrado e duro, não facilitou, jogou simples e pela certa, no fim do jogo e na hora dos últimos cartuchos ficou sozinho lá atrás, mas aguentou sempre e bem.

Pedro Joaquim - Um regresso a ala esquerda, subiu sempre que conseguiu, tinha força para muito mais, mas foi tímido e não arriscou e já se sabe quem não arrisca……,de resto sempre muito bem a defender.

Rui Belchior - Um jogo onde se reabilitou de uma péssima prestação, esteve bem a receber e a fazer jogar, fisicamente foi esgotando à medida do passar do tempo, acabou quase a andar, depois de ter corrido kms durante todo o jogo.

Beto - É caso para dizer “forever young”, joga e faz jogar, aos quarenta, é um jovem e corre como um jovem, melhorou bastante o entendimento com o seu companheiro de meio-campo e a equipa ganha com isso….foi dele o golo da igualdade e do ponto conquistado.

Sérgio Rodrigues - Só lhe faltava mais esta….ser médio esquerdo, depois de já ter estado numa série de posições guarda-redes incluído, fez o jogo possível, sem rotina do lugar era difícil fazer melhor, e ainda por cima alvo de uma marcação impiedosa, tentou sempre criar perigo, bem no toque de bola de pé para pé com os companheiros, passou bem em mais um teste a que foi submetido.

Luís Ribeiro - Um Lutador nato, sempre a guerrear, sempre a lutar, um recuperador de bolas, foi o que fez neste jogo, pena que esgote rapidamente, bem fisicamente seria um caso muito sério.

Jaime - O seu estatuto de estrela máxima da equipa e a ausência do seu escudeiro Tito, levaram com que e mais do que é costume a agarrar-se demasiado à bola, quis resolver sozinho o jogo, não foi feliz nesse aspecto, mas lutou até à exaustão, um guerreiro e um grande jogador.

Sérgio Miranda - Desta vez não conseguiu marcar, no entanto teve muitas vezes à beira disso, a sorte não o acompanhou nas suas iniciativas, sozinho na frente, não se deu à marcação e fez imensas diagonais tentando deslocar os defesas contrários, para com isso abrir espaços para os colegas.

Luís Martins - Mais um regresso deste carismático avançado de cariz muito peculiar, forte e alto, incomodou…esteve no lance do golo, foi dele a primeira tentativa, mas o guarda-redes negou-lhe a glória e seria Beto a colocar a bola no fundo da malha, mas o seu remate foi imprescindível para o sucesso da jogada.

Paulo Carvalho - Estreia absoluta, este ano, jogou na segunda metade, e podia mesmo ter facturado, falhou o remate quando as hipóteses de sucesso eram muitas e boas…foi pena.

De resto, primeiros pontos perdidos, e a noção que a profecia do capitão Calha já não se concretizará, somar só vitórias, mas ainda assim, não é sonhar alto pensar e dizer que Setúbal tem tudo para colocar na sua vitrina mais um troféu de campeão nacional, para já, fica a certeza de uma inequívoca consolidação táctica e estratégica de uma equipa que tem este ano mais do que nunca, uma espinha dorsal definida, composta por gente capaz e sobretudo crédula nas suas inesgotáveis capacidades, portanto é aguardar e não perder o próximo episódio das aventuras deste grupo, da mesma forma que não quero perder a oportunidade de o poder mais uma vez relatar na próxima crónica, até lá.


Rui Belchior Pereira
(Jurista de Setúbal)

Sem comentários: