“O CINISMO TÁCTICO E A EFICÁCIA DO CAMPEÃO”
JURISTAS DO PORTO – 1 JURISTAS DE SETÚBAL 2
Jogo grande no reduto do Desportivo das Aves, espaço escolhido pelos portistas para a realização deste confronto, numa tarde de sol e com um relvado em boas condições para a prática da modalidade.
Os Juristas tripeiros jogavam tudo ou quase tudo, notou-se isso pela mobilização, há muito que não se via tanta estrela junta e de facto os portistas tem um leque de grandes jogadores.
Porém, os setubalenses imparáveis até ao momento e com a moral nos píncaros formam actualmente uma equipa fortíssima e extremamente perigosa.
Foi dito e repetido que talvez tenha sido dos melhores jogos deste campeonato desde sempre, de facto foi um jogo épico e que teve de tudo, como adiante se relatará.
Numa partida em que mais uma vez se notou a ausência do Capitão Calha ainda em recuperação, (notável até ao momento, diga-se), contudo a sua orientação do banco e com uma visão bem diferente da que normalmente tem, ajudou claramente à vitoria, uma vez que a sua sagacidade e astúcia fizeram a diferença em muitos pormenores.
Queixou-se o Porto da falta de sorte, e reconheçamos, 4 bolas nos ferros será de facto sorte, ainda que duas das mesmas tenham saído de lances claramente precedidos de falta e outro tenha beijado já a parte de fora do poste e com Albuquerque nitidamente na sua trajectória e ângulo, resta uma bola ao poste num remate a 25 m da baliza de Pedro Madureira que é, diga-se em abono da verdade, foi um hino ao futebol.
Na nossa perspectiva e embora se reconheça uma certa estrelinha sempre fundamental quando se trata de um jogo, o que se passou de facto tem contornos bem diferentes do que alegam os colegas portistas.
Com a lição de outros anos, onde os lançamentos para as costas da defesa fizeram sempre rombos, uma vez que a rapidez dos avançados portistas contrastou sempre com alguma lentidão da defensiva sadina, desta feita, os juristas setubalenses tacticamente estiveram perfeitos, embora possam ter deixado a sensação de um domínio ao adversário que verdadeiramente nunca existiu.
O que sucedeu na realidade foi a baixa no terreno propositada da linha defensiva, com Rui Belchior a baixar totalmente e encaixando na dupla de centrais Benjamim/Pedro Joaquim, abdicando de iniciativas ofensivas, mas funcionando como tampão às investidas das unidades criativas e construtoras de jogo dos portistas, naturalmente este vazio no meio-campo conduziu a um envenenado convite, pois permitiu que os sadinos, explorassem a sua mais perigosa característica o contra-ataque e assim ganhar o jogo como se veio a verificar.
Se já se falou da alegada falta de sorte dos juristas do Porto, não podemos no entanto deixar de referir as constantes tentativas do diabólico Tito que só não resultaram em golo por mérito do guardião que evitou males maiores, de referir ainda o clamoroso falhanço de Tiago Coelho que com a baliza escancarada mandou ao lado, quando poderia ter matado logo ali, o interesse da partida.
A habitual resenha com a respectiva pontuação;
Albuquerque (9) – Brilhante, foi provavelmente a sua melhor exibição, nunca acusou a responsabilidade e fez tudo bem, a sair dos postes quer a agarrar quer a socar, foi um autêntico lince na agilidade e um Leão na agressividade, uma actuação de facto felina e sem adjectivos que a possam descrever verdadeiramente, mas quem viu que continue a procurar uma palavra ainda que pequena para tão grande e notável comportamento em campo.
Sertório (7) – Com a experiência dos anos e o conhecimento dos adversários, tudo lhe foi mais fácil, lutou bravamente e muito, muitas vezes com falta de serenidade que o fez ceder muitos cantos em especial na segunda metade, saiu esgotado e com a missão cumprida, destaque-se o corte fantástico que efectuou a evitar o empate, tirando num gesto técnico perfeito a bola da cabeça do avançado quando este já se preparava para finalizar
Benjamim (8) – Levou este encontro muito a sério, ele que noutras épocas passou mal, neste terreno, todavia estava decidido a demonstrar que é um grande defesa central e que tem evoluído imenso, nunca se adiantou em excesso e nunca deu espaço, chegou sempre ou quase sempre primeiro, quando não deu contou com a guarda de honra de Rui Belchior e Pedro Joaquim
Pedro Joaquim (8) – Quando logo no inicio deixou passar uma bola fácil por debaixo da sola da bota, não se adivinhava coisas boas, no entanto puro engano, foi sim o pronuncio de uma das melhores prestações que já vimos, muito seguro e prático limpou tudo o que apareceu no seu espaço, muitíssimo bem.
Rui Belchior (8) – Uma das grandes exibições, começou a central, mas ainda na primeira parte saltou para o meio-campo, onde se sente bem, palmilhou muito terreno, recuperou muitas bolas, encaixou-se à frente da defesa e foi fundamental nas imensas dobras que fez, muito forte fisicamente chegou para todas as encomendas
Jaime (7) – Voltou a não sair bem na fotografia, muito lutador, tentou sempre assumir o jogo, mas ficou muitas vezes e não voltou, começou muito mal, mas acabou por sair de um registo francamente negativo, ainda assim, é muito importante para a equipa, que certamente sem ele não seria tão forte, este ano ainda não facturou, espera-se uma segunda volta a um nível mais elevado, ao seu nível.
Tiago (8) – Jogo difícil, marcação cerrada, tentou desequilibrar com tabelas e deambulações na ala, mas foi sempre muito complicado sobretudo porque foi obrigado a descer no seu corredor para ajudar em termos defensivos, guardou o melhor e o pior para o fim, fabulosa assistência para o golo da vitória de Sérgio Miranda e falhanço escandaloso na cara do guardião azul.
Tito (9) – Decisivo, é o melhor jogador deste campeonato está imparável e desta vez fez questão de fazer mais uma demonstração, 11 golos em 5 jogos é obra, sozinho tem mais golos que o resto da equipa, fantástico o seu golo o melhor da tarde.
Sérgio Miranda (7) – Primeira metade muito complicada, sem produção, a bola diga-se também chegou poucas vezes aos seus pés, ou quando chegou, chegou em deficientes condições, saiu e fez-lhe bem, foi dele o golo da vitória, um golo de grande oportunidade e ao seu estilo a deixar a sua marca de grande ponta-de-lança no jogo.
Paulo Assis (7) – Trabalhador como sempre, fez aquilo que tinha que fazer, e foi mais um a jogar no sacrificio do colectivo.
Luís Ribeiro (5) – Muito nervoso e com um início de jogo infeliz, algumas perdas de bola em zonas perigosas, andou sempre perdido e com a falta de apoio no meio do terreno ficou órfão e nunca saiu de um registo cinzento, há dias assim.
Paulo Carvalho (6) – Passou despercebido nesta partida, sem os habituais rasgos, raramente escapou das malhas da defensiva portista, foi também ele vitima da estratégia do colectivo, no entanto tacticamente muito importante, para estancar as iniciativas do lateral adversário.
Beto (5) – Em crescendo de forma, tenta chegar rapidamente o indicie de forma física que lhe permita ser o que já foi, um grandíssimo jogador.
Piedade (3) – Entrou num período muito complicado, e por azar apanhou um adversário directo inspirado que efectuou a conta da sua apatia inúmeros cruzamentos, um deles viria a dar o golo do empate.
Em conclusão, continuam assim, estes bravos juristas a escrever história, com exibições que nem os mais optimistas poderiam prever.
Em boa verdade já ninguém acredita que esta temporada os sadinos não se sagrem bicampeões nacionais, o que constituirá um feito notável carregado de brilhantismo e sobretudo de espírito de sacrifício.
Contudo, nesta fase há que manter a humildade e o espírito de grupo que conduziram a estas vitórias, para assim evitar eventuais surpresas por parte dos valorosos adversários que por certo ainda estão longe de ter deitado a toalha ao chão.
Assim e em jeito de recado, nunca esquecer que o nosso papel é …VENCER SEMPRE..
Rui Belchior
(Jurista de Setúbal)